Neuropatia

O que é neuropatia periférica?

Um pouco de Anatomia e Fisiologia
Os nervos periféricos são estruturas que ligam músculos, órgãos e glândulas ao Sistema Nervoso Central (cérebro e medula espinhal). Os neurônios (células nervosas) são compostos pelo núcleo e seus dendritos, axônio e bainha de mielina.
Os nervos periféricos têm função motora e atuam no sistema músculo-esquelético ordenando a contração muscular, ou seja, controlam a força, a precisão e a delicadeza dos movimentos voluntários. Também têm ação sensitiva (na sensibilidade) e são responsáveis pela percepção de estímulos como o calor, o tato, a temperatura, a vibração e a dor, transmitindo-os ao sistema nervoso central onde as informações são processadas e interpretadas. Os nervos periféricos também comandam órgão e glândulas como o coração, os vasos sanguíneos, o aparelho digestivo, a bexiga e o aparelho respiratório controlando a pressão, a freqüência cardíaca, os movimentos intestinais, a micção, ereção, etc e estas ações são denominadas autonômicas pois são involuntárias.

O que é neuropatia periférica?
As neuropatias são lesões que acometem os nervos periféricos e que se estendem da medula ou do tronco encefálico até as extremidades do corpo. Ocorrem em 2% da população e em adultos com mais de 50 anos pode chegar a 8%.
Quais os sintomas?
Produzem sintomas motores como a perda de força, alterações da destreza, movimentos mais elaborados, alteração da marcha e até desequilíbrio.
Os sintomas sensitivos são a diminuição da sensibilidade tátil (paciente não sente nada quando é tocado em determinado local), dolorosa (anestesia no local) ou hipersensibilidade com dor neuropática (excesso de dor) e até formigamentos.
Existem manifestações autonômicas como descontrole da pressão arterial, da sudorese, do lacrimejamento, alteração da temperatura entre outros. Todos os sintomas dependem do nervo periférico acometido e da sua causa.
Os sintomas de neuropatias habitualmente se instalam de forma gradual, progredindo lentamente,e como toda regra há suas exceções, há situações mais graves como a polirradiculoneurite aguda ou a porfiria aguda intermitente em que os sintomas se desenvolvem mais rapidamente, ao longo de dias ou horas, ocasionando até dificuldades respiratórias e requerendo internação neurológica imediata, muitas vezes em ambiente de UTI.

Atrofia de mão direita devido à lesão periférica de C2- C3 com perda de força.

Quais as causas?
Uma das causas mais freqüentes de neuropatia periférica é o diabetes mellitus. Ela se manifesta principalmente com dor e queimação nos pés, principalmente no período noturno, mas pode se manifestar com dor generalizada, lombar, etc…
No Brasil, infelizmente há uma grande incidência da neuropatia devido a Hanseníase, que é a Lepra, e é muito comum mas pouco diagnosticada.Não podemos esquecer que é uma doença que tem tratamento e cura na maioria das vezes.
Outras causas incluem:
– a desnutrição devido à pobreza ou ainda consequente à cirurgias do aparelho digestivo,
-as doenças autoimunes como o lupus eritematoso sistêmico e a poliradiculoneurite crônica,
– as neuropatias degenerativas hereditárias,
– os traumas por acidentes como a lesão do plexo braquial,
-os traumas por movimentos repetitivos como a Síndrome do Túnel do Carpo (ver Post “A Síndrome do Túnel do Carpo”)
-os distúrbios metabólicos adquiridos ou congênitos.
Qual o melhor Tratamento?
O tratamento depende de vários aspectos como o quadro clínico do paciente e sua causa.
O tratamento medicamentoso deve focar o controle da dor, quando presente, e na maioria das vezes são utilizadas medicações para dor crônica, como antidepressivos e anticonvulsivantes.
Em todos os casos é imprescindível o acompanhamento de um médico Fisiatra pois a reabilitação é essencial para a melhora dos sintomas e da funcionalidade. Nos casos em que o paciente não apresenta sintomas e nem sequelas devido às alterações neurológicas, o médico Fisiatra auxilia na prevenção de complicações e dos sintomas.
O banho de contraste é uma das opções para algumas neuropatias, veja no vídeo abaixo:

Se você tem alguma dúvida sobre neuropatia periférica deixe seu comentário!

A Síndrome do Túnel do Carpo

Um pouco de anatomia para compreendermos o que é esta Síndrome:
O túnel do Carpo, como o próprio nome diz, é um canal de 3 cm de espessura composto pelo nervo mediano e 9 tendões responsáveis pela flexão dos dedos da mão na região do punho. Este nervo origina-se no antebraço, passa por este canal e vai inervar o polegar, o indicador, o dedo médio e face interna do quarto dedo.

 O túnel do carpo

A Síndrome do Túnel do Carpo ocorre pela compressão do nervo mediano causadas pelo aumento do tecido sinovial (tipo de cartilagem) que envolvem os tendões diminuindo o “espaço” dentro do canal. Este tecido sinovial tem a função de nutrir os tendões e eles podem “inchar” quando ficam inflamados, ou seja, quando sofrem microtraumatismos (por esforços repetitivos), ou por lesões tumorais, alterações hormonais ou até por uso de alguns medicamentos.
É comum estar associada a outras doenças como o Diabetes Mellitus, artrite reumatóide, Síndrome Dolorosa Miofascial( Ver Post “Síndrome Dolorosa Miofascial”) e doenças da tireróide. É mais comum em mulheres na faixa de 35-60 anos..

Compressão no Túnel do Carpo

O sintoma principal é a dormência nesta região (o termo médico é parestesia). É uma sensação de formigamento que acontece mais frequentemente a noite por causa da retenção de líquido comum nesse período. Com o tempo, os sintomas vão aumentando e o paciente pode referir diminuição da sensibilidade tátil (não consegue definir estruturas pequenas que segura), aparecimento de dor e até alterações motoras em casos graves (perda da força, não consegue segurar pequenos objetos). Em 2/3 dos casos ocorre bilateralmente, ou seja, nas duas mãos.
Algumas atividades que realizam flexo-extensão aumentam os riscos de levar a uma Síndrome do Túnel do Carpo: bancários, digitadores, metalúrgicos, músicos, que utilizam calculadoras, ordenhadores de leite, etc…

Tocar piano produz movimentos de flexo-extensão

O diagnóstico da síndrome do túnel do carpo é feito através da avaliação clínica e comprovado através de um exame chamado eletroneuromiografia. Neste exame, os nervos do antebraço, punho e dedos são estimulados por choques de pequena intensidade sendo o resultado medido na tela do aparelho e assim, comprovada a compressão do nervo mediano.

Eletroneuromiografia

O tratamento da Síndrome do Túnel do Carpo depende da fase em que se encontra a compressão nervosa. Nos casos leves, o tratamento medicamentoso e de reabilitação com imobilização, fisioterapia e afastamento dos fatores causais podem ser eficazes. Este tratamento deve ser orientado por um médico Fisiatra para melhor resultado. Em determinados casos, a cirurgia para descompressão de nervo está indicada.

Alongamentos para punhos

Se você tem sintomas da Síndrome do Túnel do Carpo, consulte um médico Fisiatra para ter um diagnóstico e tratamento correto.